O Titanic em Belfast, 2 de Abril de 1912 |
O RMS Titanic foi um navio transatlântico da Classe Olympic operado pela White Star Line e construído nos estaleiros da Harland and Wolff em Belfast, Irlanda do Norte. Na noite de 14 de abril de 1912, durante sua viagem inaugural, chocou-se com um iceberg no Oceano Atlântico e afundou duas horas e quarenta minutos depois, na madrugada do dia 15 de abril de 1912. Até o seu lançamento em 1912, ele foi o maior navio de passageiros do mundo.
O naufrágio resultou na morte de 1523 pessoas, hierarquizando-a como uma das piores catástrofes marítimas de todos os tempos. O Titanic provinha de algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis da época e foi popularmente referenciado como "inafundável" - na verdade, um folheto publicitário de 1910, da White Star Line, sobre o Titanic, alegava que ele fora "concebido para ser inafundável". Foi um grande choque para muitos que, apesar da tecnologia avançada e experiente tripulação, o Titanic ainda afundou com uma grande perda de vidas humanas. Os meios de comunicação social sobre o frenesi de vítimas famosas do Titanic, as lendas sobre o que aconteceu a bordo do navio, as mudanças resultantes do direito marítimo, bem como a descoberta do local do naufrágio em 1985 por uma equipe liderada pelo Dr. Robert Ballard fizeram a história do Titanic persistir famosa desde então.
Construção
A Grande Escadaria da primeira-classe a bordo do Titanic |
O Titanic foi um transatlântico da White Star Line, construído nos estaleiros da Harland e Wolff, em Belfast, Irlanda destinado a competir com os navios Lusitânia e Mauritânia da empresa rival Cunard Line. O Titanic, juntamente com os seus irmãos da classe Olympic, o Olympic e o ainda em construção Britannic (originalmente chamado de Gigantic), se destinavam a ser os maiores e mais luxuosos navios a operar. Os projetistas foram William Pirrie, diretor de ambas as empresas Harland and Wolff e White Star, o arquiteto naval Thomas Andrews, gerente de construção e chefe do departamento de design da Harland and Wolff, e Alexander Carlisle, o projetista chefe e gerente geral do estaleiro do Titanic. Carlisle sugeriu que se usasse no Titanic turcos maiores que poderiam dar ao navio um potencial de transporte de 48 botes salva vidas; isso seria o bastante para acomodar todos os passageiros a bordo. No entanto, a White Star Line, concordando com a maioria das sugestões, decidiu que apenas 16 botes salva vidas de madeira (16 sendo o mínimo permitido pelas leis da época, baseada na tonelagem projetada do Titanic) seriam transportados (também havia quatro botes salva vidas desmontáveis) que no total poderiam acomodar apenas 52% das pessoas a bordo.
A construção do RMS Titanic, financiada pelo americano J.P. Morgan e sua companhia International Mercantile Marine Co., começou em 31 de Março de 1909. O casco do Titanic foi lançado no dia 31 de Maio de 1911, e sua equipagem foi concluída em 31 de Março do ano seguinte.
O Titanic tinha 269,10 metros de comprimento e 28 m de largura, uma tonelagem bruta de 46,328 toneladas, e uma altura da linha d'água até o deque de botes de 18 metros. O Titanic continha dois motores de quatro cilindros de expansão tripla, invertido com motores a vapor e uma turbina de baixa pressão Parsons de três hélices. Havia 29 caldeiras alimentadas por 159 fornos de carvão a combustão que tornaram possível a velocidade máxima de 23 nós (43 km/h). Apenas três das quatro chaminés de 19 metros de altura eram funcionais; a quarta chaminé servia apenas para ventilação; foi adicionada para dar ao navio uma aparência mais impressionante. O navio podia transportar um total de 3,547 pessoas, entre passageiros e tripulação e, por transportar correio, usava o prefixo RMS (de Royal Mail Steamer), bem como SS (Steam Ship).
Recursos
Academia a bordo do Titanic |
Na sua época, o Titanic superou as expectativas, porém seria diferente se seus principais interesses não fossem o luxo e a opulência. Ele ofereceu uma piscina a bordo, um ginásio, banho turco, bibliotecas, tanto em relação à primeira como à segunda classe, squash e um tribunal. As salas da primeira classe eram enfeitadas com detalhes em madeira, móveis e outras decorações luxuosas. Além disso, o Café Parisiense oferecia cozinha de primeira classe para os passageiros, com uma varanda de pôr-do-sol equipada com decorações trellis.
O navio incorporou recursos avançados tecnologicamente, para sua época. Tinha um extenso subsistema elétrico alimentado com geradores de vapor para iluminação total do navio. Ele também ostentou dois telégrafos Marconi sem fio, incluindo um rádio de 1500 watts de potência tripulado por operadores de rádio que trabalharam em turnos, permitindo o contacto e à transmissão de mensagens de muitos passageiros.
Comparações com o Olympic
Uma das diferenças mais notáveis entre os dois navios eram os Decks A e B, totalmente aberto no Olympic (à esquerda) e parcialmente fechado no Titanic (à direita). |
O Titanic era muito semelhante ao seu irmão mais velho Olympic. Embora possuísse maior espaço interno, e por consequência fosse mais pesado, o casco era exatamente do mesmo comprimento que o do Olympic. Mas havia algumas diferenças. Duas das mais notáveis eram que mais da metade da parte da frente do deque A de passeio do Titanic fora substituída por janelas basculantes e a configuração das janelas do deque B diferia das do Olympic. O Titanic tinha um restaurante especial chamado Café Parisien, uma característica que o Olympic não tivera até 1913. Alguns dos defeitos encontrados no Olympic, tais como o rangido na inversão para a marcha ré, foram corrigidos no Titanic. As luzes e a iluminação natural do deque A eram arredondadas; enquanto que no Olympic elas eram ovais. A Ponte de comando do Titanic era maior e mais longa que a do Olympic. Essas, e outras modificações, fizeram do Titanic 1,004 toneladas brutas maior que o Olympic e assim, o maior navio em actividade em todo o mundo durante sua viagem inaugural em Abril de 1912.
A viagem inaugural
Titanic deixando o porto Southampton, Inglaterra, com destino à cidade de Nova Iorque. |
O navio iniciou a sua viagem inaugural de Southampton, na Inglaterra, com destino à cidade de Nova York, nos Estados Unidos, na quarta-feira, 10 de Abril de 1912, com o Capitão Edward J. Smith no comando. Assim que abandonou o seu cais, o Titanic provocou a aproximação do SS New York, que estava ancorado nas proximidades, rompendo as suas amarras e quase se chocando com o navio, a tempo de os rebocadores retirarem o Titanic do canal. O acidente atrasou a partida em uma hora. Depois de atravessar o Canal da Mancha, o Titanic parou em Cherbourg, França, para receber mais passageiros e parou novamente no dia seguinte em Queenstown (hoje conhecida como Cobh), na Irlanda, antes de prosseguir para Nova Iorque com 2,240 pessoas a bordo.
Algumas das mais proeminentes pessoas em todo o mundo viajaram na primeira classe. Estas incluíam o milionário John Jacob Astor IV e sua esposa, Madeleine Force Astor; o industrial Benjamin Guggenheim; Isidor Straus, proprietário da Macy's e sua esposa Ida; a milionária de Denver, Margaret "Molly" Brown; Sir Cosmo Duff Gordon e sua esposa, a couturière Lady Lucille Duff-Gordon; George Elkins Widener e sua esposa Eleanor; John Borland Thayer, sua esposa Marian e seu filho de dezessete anos de idade, Jack; o jornalista William Thomas Stead, a Condessa de Rothes; o assessor presidencial norte-americano Archibald Butt; a autora e socialite Helen Churchill Candee; o autor Jacques Futrelle, sua esposa May e os seus amigos, os produtores da Broadway Henry e Irene Harris; a atriz de filme mudo Dorothy Gibson, e outros. Também viajaram na primeira classe o diretor da White Star Line, J. Bruce Ismay, que surgiu com a ideia do Titanic, e o projetista do navio Thomas Andrews, que estava a bordo para observar eventuais problemas e avaliar o desempenho geral do novo navio.
Titanic em seu caminho. Do lado esquerdo podem ser vistos os naviosOceanic e o New York. |
O naufrágio
Primeira página do The New York Herald sobre o acidente |
Ilustração do afundamento do Titanic por Willy Stöwer |
Mapa do Local de afundamento do Titanic |
Foto do provável iceberg com o qual o transatlântico colidiu |
A colisão
Ao anoitecer de 14 de Abril, o Comandante Smith depois de receber um aviso de presença de icebergs na zona, manda reforçar a vigia no mastro de proa e fornecer binóculos. Esses equipamentos não foram encontrados e os vigias tiveram que fazer o seu trabalho apenas visualmente. O Comandante Smith retirou-se para os seus aposentos, deixando o comando ao Segundo Oficial Charles Lightoller, que mais tarde foi substituído pelo Primeiro Oficial, William Murdoch. A noite estava fria e calma, sem ondulação nem vento. Somente a luz das estrelas e do Titanic iluminavam a escuridão. Às 22h30, a temperatura da água do mar era gelada, cerca de 0,5 °C abaixo de zero, o suficiente para matar por hipotermia uma pessoa em apenas vinte minutos.
Às 23h40, os vigias do mastro Frederick Fleet e Reginald Lee, avistam uma sombra mais escura que o mar. A imensa sombra cresceu rapidamente e revelou ser um imenso iceberg na direção do navio. Imediatamente o pânico deu lugar aos reflexos e Fleet tocou o sino de alerta do mastro três vezes e ergueu o comunicador para falar com a Ponte de Comando. Preciosos segundos se perderam até que o comunicador foi atendido pelo Sexto Oficial Paul Moody onde Fleet gritou "Iceberg logo à frente". O Primeiro Oficial que ouvira e vira a imensa massa de gelo na direção do navio, entrou na ponte de comando. Gritou, ordenando ao timoneiro Robert Hitchens "tudo a estibordo", e à casa de máquinas, "máquinas a ré toda a força", foi a pior coisa que ele poderia ter ordenado, a reversão dos motores, pois, dada a pequena distância que separava o Titanic do iceberg, e mesmo apesar da grande potência de torção que os motores transmitiam às hélices, ele não tinha tempo de parar, para além do mais que o reverso dos motores fez perder a eficácia do leme, pois o leme consegue mudar o rumo do navio com a água a passar por ele com grande força. Com a reversão do movimento das hélices, esse forte fluxo de água que corria para o leme foi cortado em mais de 70 por cento, e quando os motores ganharam aceleração para as hélices, a água que pelo leme passava não era suficiente para deslocar rapidamente o navio para evitar a colisão. Se os motores tivessem sido mantidos em marcha para a frente a todo o vapor, e tivessem virado o leme ao máximo a estibordo, o Titanic teria passado a escassos metros do iceberg, talvez a 5 metros de distancia ou um pouco menos, mas ainda hoje ele poderia existir. Na ponte de comando e no mastro de proa, os tripulantes observaram inertes o imenso iceberg vindo em rumo de colisão.
Na casa das máquinas, a correria foi grande. O vapor que estava a ser enviado para os motores tinha de ser fechado, a fim de parar os pistões. Nas salas de caldeiras, os carvoeiros tiveram que parar de alimentar as fornalhas e abrir os abafadores das caldeiras. Quando os enormes pistões estavam quase parados, uma alavanca na base dos motores fora acionada para reverter os giros das hélices centrais, e então as válvulas tiveram que ser novamente acionadas para libertar o vapor para entrar nos motores que começaram a girar no sentido inverso. A hélice central assim que fora acionado o reverso dos motores parou de funcionar, pois este não era acionado pelos motores do navio, mas por uma turbina que era alimentada pela sobra do vapor dos motores.
A proa do navio começa a deslocar-se do obstáculo e 47 segundos após se ter visto o iceberg, não se consegue evitar a colisão. Esta ocorre às 23h40, na Latitude 41º 46´N e Longitude 50º 14´W. Arestas do iceberg colidem com o casco do navio, fazendo com que se soltem os rebites entre as placas de aço, resultando em pequenas aberturas no casco, tendo sido afetados mais de noventa metros de casco deixando abertos os 5 compartimentos estanques. Apenas 20 minutos depois, o convés já tinha começado a inclinar-se.
O vigia Fleet baixa-se no ninho da gávea do mastro de proa e sente o navio tremer e pedaços de gelo são arremessados ao convés da proa. O navio todo treme e na ponte de comando o oficial Murdoch aciona imediatamente o encerramento das portas estanques. Nos porões de carga do navio, a água jorra com imensa força. Seguiu-se então um estrondo e a água do mar rompeu por toda a lateral da sala de caldeiras número seis. As primeiras vítimas foram cinco operários que lutavam para manter seguras as correspondências na sala de correios inundada logo após a colisão. Morreram todos afogados tentando salvar as cartas que rumavam para a América a bordo do navio.
Com o abanão provocado pela colisão, muitos passageiros acordaram. O Comandante Smith dirigiu-se imediatamente para a ponte de comando e foi informado do ocorrido. Ordenou imediatamente a paragem total das máquinas. Com a paragem das máquinas, um barulho ensurdecedor é ouvido na área externa do navio, devido à grande quantidade de vapor expelido.
O Comandante Smith chamou o Engenheiro-chefe, Thomas Andrews, e solicitou um exame das avarias. Após alguns minutos, Andrews selou o destino do Titanic dizendo: "O navio vai afundar, temos menos de duas horas para evacuá-lo". Bruce Ismay, Presidente da White Star Line e o Comandante Smith mostraram-se incrédulos com o relato. "O Titanic não pode afundar" - menciona Ismay - "é impossível ele afundar". Haviam sido atingidos 5 compartimentos estanques. Com quatro compartimentos, o Titanic ainda conseguiria flutuar, mas o peso de cinco compartimentos cheios de água a proa inundaria, fazendo com que a água atravessasse para os outros compartimentos, por cima das portas estanques. A água do sexto compartimento passaria para o sétimo compartimento, depois para o oitavo compartimento, e assim por diante.
Eventos após a colisão
Por volta das 0h01 do dia 15 de Abril, o Comandante Smith dirige-se à cabine de telégrafos e solicita para que os operadores do turno, Jack Phillips e Harold Bride, enviem a posição do navio junto com um pedido de ajuda. "SOS. Abalroamos um Iceberg. Afundamento rápido. Venham ajudar-nos". Foi a primeira vez que o sinal internacional de SOS por rádio , foi utilizado num acidente, pois o primeiro navio a enviar um SOS foi o Arapahoe em 1909 quando se encontrava perdido. O navio de passageiros RMS Carpathia, da "Cunard Line", estava a quatro horas de distância do Titanic. Foi o primeiro a acorrer ao local. O rádio operador do Carpathia antes de ir dormir, efectuou uma última verificação às comunicações e captou a mensagem do Titanic. Próximo ao Titanic, havia um navio que era visível, possivelmente o SS Californian. O seu telegrafista não recebeu os pedidos de ajuda, pois acredita-se que estava a dormir. Não era comum manter telegrafistas a trabalhar durante a noite. Após o desastre do Titanic isso tornou-se obrigatório.
Às 0h05, o Comandante Smith reuniu os oficiais e informou-os do ocorrido. Solicitou que os passageiros fossem acordados e que se dirigissem ao convés onde se encontravam os botes salva-vidas para serem evacuados. Sabiam que o número de botes era suficiente para apenas pouco mais da metade das pessoas a bordo, mas mesmo assim pediu para não haver pânico. Os empregados começaram a passar de cabine em cabine na primeira e segunda classes, acordando os passageiros, solicitando para colocarem os coletes salva-vidas e para que se dirigissem para o convés dos botes imediatamente. Enquanto isso, os passageiros da terceira classe permaneciam reunidos e trancados no grande salão da terceira classe junto à popa (parte de trás do navio). Muitos passageiros revoltaram-se, e alguns aventuraram-se pelos labirintos de corredores no interior do navio para tentar encontrar outra saída. Alguns conseguiram escapar com vida, mas muitos deles acabaram sepultados dentro do Titanic. A evacuação havia sido feita de acordo com as classes sociais a que os passageiros pertenciam, valor até então aceitável.
Às 0h31, os botes começam a ser preenchidos com "mulheres e crianças primeiro". Os primeiros botes foram lançados sem ter a lotação máxima permitida. Lightoller segue com rigor as ordens de embarcar somente mulheres e crianças.Entretanto, a estibordo do navio o Primeiro Oficial Murdock permitia a entrada de homens solteiros e casais nos botes, após a entrada de mulheres e crianças, e fazia os botes descer completamente cheios,mesmo com homens,e por isso,muitos homens que se salvaram devem a sua vida a esse oficial. Alguns sobreviventes relataram que a sensação ao caminhar no convés de botes era como a de estar descendo um monte.
Como o navio que estava próximo não respondia, nem aos sinais do telégrafo, nem aos sinais da lanterna, às 0h45, o Capitão Smith manda que fossem disparados os foguetes de sinalização. É arriado o primeiro bote salva-vidas nº 7, com apenas 27 pessoas. A fim de evitar o pânico, o capitão solicitou que a orquestra de bordo viesse tocar junto ao convés dos botes para acalmar os passageiros. A tradição diz que a banda foi para o fundo a tocar "Nearer My God to Thee". Segundo o testemunho do segundo operador de rádio, estava a tocar "Autumn", um hino episcopal.
Enquanto isso, Thomas Andrews tenta ajudar do jeito que pode, ajudando os passageiros a porem os coletes salva-vidas, mesmo sabendo que seu esforço não salvará muitas vidas.
Às 1h25, a inclinação do convés fica maior. Ordens são dadas para que os botes desçam mais cheios. Thomas Andrews, o engenheiro-chefe, ajuda na decida dos botes fazendo com que eles sejam devidamente cheios. A água já atinge o nome do Titanic pintado na proa. O navio começa a se inclinar para bombordo. Andrews é visto pela última vez na sala para fumantes da primeira classe.
Enquanto que nos primeiros botes tinha que se implorar para que as pessoas entrassem, fazendo muitos deles descer praticamente vazios, nos últimos, o tumulto era bem visível. Relatam-se tiros para conter os mais afoitos. Faltando pouco mais de dois botes para deixar o navio, os passageiros da terceira classe são liberados. Restavam apenas esses dois botes e os dois desmontáveis que ficavam junto à base da primeira chaminé. Devido a confusão, Lightoller sacode sua pistola no ar e provavelmente atira para manter o controle durante a decida do desmontável ´´D``. A água gélida já invadia os convés, quando os botes desmontáveis conseguiram ser lançados.
Às 2h05, é arriado o último bote salva-vidas, o desmontável "D", com 44 pessoas. Às 2h10, é enviado o último sinal pelos telegrafistas. O Capitão Smith ordena "cada um por si" e não é mais visto por ninguém. Já com a proa mergulhada no mar e a água a atingir o convés de botes, o pânico é geral. Heroicamente, os operários da sala de eletricidade resistem até ao final para manter as luzes enquanto podem. Às 2h18, as luzes do navio piscam uma vez depois apagam-se para sempre.
Na primeira chaminé, os seus cabos de sutentação, não aguentando mais a pressão exercida sobre eles, rebentam, e a chaminé tomba na água, esmagando dezenas de pessoas nos convés e na água, inclusive, John Jacob Astor IV, homem mais rico do navio. O mesmo acontece com a segunda chaminé. A inclinação do navio chega aos 35° e a água gélida avança rapidamente, arrasando tudo o que há pela frente. Muitos são sugados pelas janelas para dentro do navio pela força das águas. A popa do Titanic sobe, mostrando suas imponentes hélices de bronze. Quando a inclinação do navio chega ao 43°, maior fica a pressão exercida no centro do navio, e o casco do navio não suportando a pressão provoca a ruptura do casco do Titanic, junto à terceira chaminé, dividindo o navio em dois. A popa pesando vinte mil toneladas desaba por cima de centenas de passageiros esmagando-os. Enquanto a proa submerge, a mesma arrasta a popa, deixando-a na vertical e segundos depois desprende-se da popa e mergulha pra as profundezas. A popa então sobe alguns metros e fica parada. Muitos passageiros se seguram como podem enquanto alguns não aguentando, caem violentamente entre as ferragens da popa em vertical e depois de dois minutos emersa a popa começa a descer levando consigo centenas de passageiros. Às 2h20 o navio mergulha a pique pelas profundezas do oceano.
Um dos dois botes desmontáveis cheio de sobreviventes |
Resgate dos sobreviventes
Monumento às vitimas do RMS Titanic, emWashington D.C. |
Categoria | Pessoas a Bordo | Número de Sobreviventes | Percentual de Sobreviventes | Número de Mortos | Percentual de Mortes |
---|---|---|---|---|---|
Primeira Classe | 329 | 199 | 60.5 % | 130 | 39.5 % |
Segunda Classe | 285 | 119 | 41.7 % | 166 | 58.3 % |
Terceira Classe | 710 | 174 | 24.5 % | 536 | 75.5 % |
Tripulação | 991 | 214 | 23.8 % | 685 | 76.2 % |
Total | 2.223 | 706 | 31.8 % | 1.517 | 68.2 % |
Dos botes, os passageiros assistem às sombras do navio afundado para sempre no meio de milhares de gritos de pavor e pânico. Mais de 1.500 pessoas estavam agora lançadas à água congelante. Após a popa desaparecer, alguns segundos de silêncio são seguidos por uma fina névoa branca acinzentada sobre o local do naufrágio. Esta névoa foi provocada pela fuligem do carvão e pelo vapor que ainda havia no interior do navio. O silêncio que parecia imenso deu lugar a uma infinita gritaria por pedidos de socorro. Os que não morreram durante o naufrágio agora lutavam para se manter vivos nas águas, tentando agarrar qualquer coisa que boiasse. Aos passageiros dos botes não restava nada a fazer a não ser esperar passivamente por socorro. Mas um bote não se limitou esperar. O bote número 14 comandado pelo Quinto Oficial Harold Lowe aproximou-se de outro, transferiu os seus passageiros e retornou ao local do naufrágio para recolher alguns possíveis sobreviventes. Praticamente todos já haviam morrido de hipotermia. Apenas 6 pessoas foram resgatadas ainda com vida.
Às 4h10, de 15 de Abril de 1912, o navio Carpathia resgata o primeiro bote salva-vidas. No local, apenas duas dezenas de botes flutuando dispersos entre os destroços. Assim que os primeiros raios de Sol surgiram no horizonte, outros navios começaram a chegar na área do naufrágio. Entre eles, o Californian. Mas nada mais havia a fazer a não ser resgatar os corpos que boiavam. A recolha do último salva-vidas, o desmontável B, que estava virado de cabeça para baixo, aconteceu às 8h30. O Carpathia ruma a Nova Iorque com os sobreviventes pelas 8h50. Das 2.223 pessoas a bordo, apenas 706 foram resgatadas. Mais de 1.500 morreram. Os tripulantes sobreviventes receberam cuidados no American Seamen's Friend Society Sailors' Home and Institute (Lar e Instituto da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros), sede da Sociedade Americana dos Amigos dos Marinheiros.
Depois disso, o nome Titanic, ficou como símbolo de uma das maiores tragédias marítimas da História. O Capitão Smith e o engenheiro-chefe Thomas Andrews permaneceram no navio. No entanto, Bruce Ismay, Presidente da White Star Line, embarcou num dos últimos botes que deixou o navio. A sociedade da época nunca o perdoaria por esse feito. Talvez o navio não teria afundado se eles não tivessem desafiado Deus e poderia estar navegando até hoje.
Conclusões dos relatórios de inquérito
Para a Comissão de Inquérito dos EUA foram 1.517 vítimas, para a Câmara de Comércio Britânica foram 1.503 vítimas, enquanto que para a Comissão de Inquérito Britânica foram 1.490 vítimas. O número da Câmara de Comércio Britânica parece o mais convincente, descontado o fogueiro Joseph Coffy e o cozinheiro Will Briths Jr., que desertaram em Queenstown. Dois inquéritos posteriores viriam a julgar os culpados pela tragédia: um britânico e quatro estadunidenses. Com a perda do Titanic e das centenas de pessoas dessa tragédia, as leis que regiam a construção de transatlânticos foram alteradas. Todos os navios construídos depois do Titanic teriam que ter botes salva vidas para todos a bordo. Os telegrafistas teriam que ficar a trabalhar durante a noite. A Patrulha Internacional do Gelo foi criada para monitorizar, alertar e até destruir Icebergs que viessem a oferecer riscos à navegação.
A volta do Titanic
Proa do Titanic no fundo do mar |
Somente nos finais de 1970 e início de 1980, um empresário norte-americano patrocinou diversas expedições para tentar localizar o navio. Nenhuma delas teve êxito. Somente em 1985, numa expedição oceanográfica franco-estadunidense, o Dr. Robert Ballard descobriu os destroços do Titanic submersos a 3.800 metros (ou 12.600 pés) de profundidade, 153 km ao sul dos Grandes Bancos de Newfoundland. (Coordenadas:41º 43'35" N, 49º 56'54" W) A notícia correu o mundo. Ele passou a ser conhecido como "O Descobridor do Titanic". Retornou ao local em 1986, com uma equipe de filmagem da "National Geographic Society" para fazer as primeiras filmagens do transatlântico após 73 anos. Desde então, a empresa "RMS Titanic, Inc" obteve os direitos de realizar operações de salvamento no local e recuperou mais de 6 mil artefatos do navio. Diversas empresas de turismo e produtoras de filmes também visitaram o local em veículos submergíveis tripulados. O estado de preservação dos destroços da proa é fantástico. Ainda no sitio, encontrou-se o telemotor, onde se encontrava aparafusado a roda do leme, as enormes âncoras, ainda suspensas pelas suas grossas correntes, as amuradas, as guardas de protecção contra queda para o exterior, as janelas do titanic, maior parte delas ainda contêm o vidro. Dentro da proa, na sala de rádio do Titanic, pode-se observar o painel eléctrico, componentes do telégrafo, onde Harold Bride e Jack Philips trabalharam agonizadamente, tentando contactar navios para irem em socorro do Titanic, as gruas de proa, os guindastes dos botes salva vidas, tudo isto em perfeito estado de preservação. Contudo, a secção de popa está completamente destruída, tal e qual como se no seu interior tivesse explodido uma potente bomba. Durante anos, segundo relatos dos sobreviventes, que afirmaram terem ouvido grandes explosões depois do Titanic desaparecer sobre a superfície do oceano, afirmando que as mesmas provinham das caldeias, que explodiam devido ao contacto com a água gélida. Contudo, essa teoria foi deitada por água abaixo, pois foram descobertas pelo menos 6 caldeias intactas espalhadas no campo de detritos causados pelo naufrágio, e 2 salas de caldeiras inteiras na secção de proa, com todas as caldeiras intactas. Além disso, tripulantes que sobreviveram afirmam que, logo a seguir à colisão, E.J. Smith ordenou a paragem dos motores, e, nas salas de caldeiras, foram abertas as válvulas de segurança, que fizeram as caldeiras libertar a enorme pressão acumulada, ou seja, quando o Titanic afundou, nenhuma das caldeiras tinha pressão de vapor acumulada. Das poucas coisas reconhecíveis na secção de popa, destaca-se o motor de estibordo, cujo topo de um dos cilindros se destaca para fora do casco destruído, o convés do tombadilho da popa, local onde centenas de pessoas se aglomeraram quando o Titanic se ergueu das águas, enquanto a secção dianteira desaparecia nas águas, o poço da escada da terceira classe, e cerca de 2 guindastes de botes salva vidas. O Dr. Ballard retornou ao Titanicem 2004, para averiguar os danos que o navio sofreu desde o seu descobrimento (1985-2004). Concluiu que as inúmeras expedições e visitas ao local, só serviram para danificar o sítio arqueológico do Titanic e aceleração da deterioração da estrutura do navio. Em 2010 uma equipe de investigadores descobriu a bactéria halomonas titanicae nos destroços, e suspeita que ela seja responsável pelo acelerar da deterioração da estrutura.
Curiosidades
- 14 anos antes da trágica viagem, um escritor de nome Morgan Robertson (n. 1861 - m. 1915) escreveu uma livro dramático intitulado de Futilidade (Original: Futility, or the Wreck of the Titan), que narrava a história de um navio de nome Titan, considerado indestrutível, que em uma noite fria de Abril - tal e qual como foi com Titanic - choca-se com um iceberg e afunda. O mais assombroso é que tanto o número de mortes referido na história, como a capacidade do navio fictício, e a maioria das características técnicas do Titan eram exatamente iguais às do Titanic. Para muitos, não passou de uma estranha e arrepiante coincidência e, para outros, terá sido uma premonição e, consequentemente um aviso deixado por Morgan sobre o desastre.
- Um dos membros da tripulação do Titanic teve um sonho bastante estranho poucos dias antes da viagem: sonhou com uma ninhada de gatos que lutavam numa noite, ao vento. Não se sabe nem como nem por que, ele entendeu esse sonho como um aviso para não embarcar, e de fato não embarcou.
- supõe-se que se a colisão do Titanic com o iceberg tivesse sido frontal, apenas um compartimento ou no máximo 2 teriam ficado destruídos, sendo que o fecho das comportas automáticas solucionaria o problema, e a viagem poderia prosseguir normalmente.
- também se supõe que, caso o iceberg tivesse sido visto meio minuto antes, a colisão teria sido evitada.
- Ao ter sido visto o iceberg, o 1º Oficial ordenou a inversão de marcha dos motores do navio. Porém, à velocidade a que o navio navegava, mesmo o inigualável poder de torção para as hélices de seus motores não era suficiente para parar 46.000t que seguiam a 21 nós, naquele curto espaço que distava o Titanic do iceberg. Contudo, se tivessem mantido a os motores em marcha normal a todo o vapor, e simplesmente tivessem virado o leme, à velocidade que iam o Titanic teria se desviado do iceberg, conseguindo contorná-lo e assim evitar a colisão, sendo apenas necessário corrigir depois a direção que o Titanic tomaria.
- Os vigias noturnos deveriam ter binóculos, pois já se sabia que iriam passar numa zona de icebergs. Porém o material não foi fornecido a tempo, e os vigias tiveram de trabalhar à vista desarmada. Com os binóculos, os procedimentos de emergência poderiam ter sido efetuados muito antes, pois o iceberg teria sido visto ao longe.
- Na altura da colisão, a tripulação do Titanic pareceu ter avistado luzes no céu e no mar que, seriam de outro navio, menor, a cerca de 16 km (cerca de 8 milhas marítimas). O Titanic lançou fogos de artifício para pedir ajuda e, o outro navio pareceu aproximar-se. Porém, as luzes desapareceram de repente. Consta que seria um navio norueguês que navegava ilegalmente naquelas águas.
Titanic na cultura popular
Émeraude (S 604), submarino usado para achar os destroços do Titanic no fundo do mar. |
O naufrágio do Titanic tem sido a base de muitos romances fictícios descrevendo acontecimentos a bordo do navio. Muitos livros sobre o desastre também foram escritos desde que o Titanic afundou, o primeiro destes, aparecendo dentro de meses após o naufrágio. Os sobreviventes Segundo Oficial Lightoller e alguns passageiros, como Jack Thayer escreveram livros descrevendo suas experiências. Alguns gostaram do popular livro A Night to Remember publicado em 1955, do historiador e escritor inglês Walter Lord, que fez uma investigação independente e entrevistas para descrever os acontecimentos que ocorreram a bordo do navio.
O livro de 1898, Futilidade, ou O Naufrágio de Titan (Futility, ou the Wreck of the Titan) de Morgan Robertson, que fora escrito 14 anos antes da viagem fatal do RMS Titanic, foi constatado que a história tem muitas paralelidades com a catástrofe do Titanic; No livro de Robertson, na sua viagem inaugural um transatlântico chamado Titan, choca-se com um iceberg em uma calma noite de Abril, enquanto seguia para Nova York. Milhares de pessoas morrem por não haver botes salva-vidas suficientes. Tanto a própria história do Titan e na forma de seu desaparecimento, suportaram muitas semelhanças surpreendentes com o eventual destino do Titanic, em 1935, um outro navio chamdo Titanian transportava carvão de Tyne para o Canadá. Era uma noite fria de abril e o navio se aproximava de um ponto onde outros dois navios já haviam naufragado. O marinheiro William Reeves começou a ter um pressentimento estranho. Estava tudo tranquilo, não havia perigo visível à frente. Como ele poderia parar um navio inteiro e dizer ao capitão: “É que eu estou com um pressentimento ruim”? Mas havia ainda outra coincidência. William havia nascido no dia do acidente com o Titanic. Podia parecer tolice para alguns, mas para ele foi o bastante. “Perigo à vista!”, avisou ele à ponte de comando, sem realmente ver perigo nenhum. Logo em seguida, um iceberg surgiu da escuridão, e o navio consegui evitá-lo a tempo. E o livro de Robertson, e o Titanian foram apenas uma enorme coincidência?
O Titanic foi tema de muitos filmes, tanto para o cinema, quanto para a televisão; Dentre os quais:
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O filme mais amplamente visto é Titanic de 1997, dirigido por James Cameron e estrelando Leonardo Di Caprio e Kate Winslet. Gloria Stuart, a velha Rose, tem mais de oitenta anos e voltou às telas em Titanic depois de mais de quarenta anos sem filmar. Titanic tornou-se a maior bilheteria da história do cinema americano e mundial até Avatar do mesmo diretor. Também ganhou 11 dos 14 Oscars, empatando com Ben-Hur (1959) e, mais tarde, com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003) como os que mais ganharam prêmios.
A história também foi reproduzida num musical na Broadway, Titanic, escrito por Peter Stone com música de Maury Yeston. Titanic foi apresentado de 1998 a 2000. O musical The Unsinkable Molly Brown da Broadway de 1960 conta a história de vida da sobrevivente Margaret Brown, que incluiu os eventos no Titanic. O musical foi escrito por Richard Morris com música de Meredith Willson. A versão cinematográfica estrelando Debbie Reynolds foi lançada em 1964.
Outros meios de comunicação incluíram Titanic: Adventure Out of Time, um jogo de computador, de 1996 que se passava a bordo do Titanic. Starship Titanic era outro jogo de computador, só que ambientado no universo do livro The Hitchhiker's Guide to the Galaxy, parodiando o desastre do Titanic. Muitos programas de televisão fazem referência ao desastre do Titanic. O programa The Time Tunnel fez uma visita ao navio em seu primeiro episódio e no desenho animado Futurama os personagens embarcavam numa nave espacial chamada Titanic. A nave fora partida ao meio por um buraco negro na sua viagem inaugural. Outras obras também tiveram poucas referências ao Titanic, por exemplo, no desenho Doctor Who, o personagem título alegou ter estado a bordo do navio quando ele afundou. Houve um episódio do programa britânico popular, Voyage do The Damned, em seu especial de Natal 2007, no qual o médico estava a bordo da Nave Espacial Titanic. Em filmes como Time Bandits, Cavalgada e Os Caça-Fantasmas II o Titanicteve breves aparições. O programa britânico Upstairs, Downstairs colocou os personagens de Lady Marjorie Bellamy e Maude Roberts como passageiros a bordo do Titanic quando afundou. Roberts foi colocado em um bote salva-vidas, enquanto Lady Marjorie afundou junto com o navio.
Em 1982, o célebre cantor italiano de música popular Francesco De Gregori lançou o álbum Titanic, com três músicas (Titanic, I muscoli del Capitano e L'abbigliamento di un fuochista) que falavam sobre o navio, bem como seus passageiros e tripulantes.
Sobreviventes recentemente mortos
- Millvina Dean (2 de fevereiro de 1912) – (31 de maio de 2009)
- Barbara Dainton (24 de Maio de 1911 – 16 de Outubro de 2007)
- Lillian Asplund (Também conhecida como Lillian Gertrude) (21 de Outubro de 1906 - 6 de Maio de 2006)
Entre uma das lendas, diz-se que já a bordo, foi feito um comentário sobre a teoria de "infundável" do Titanic e o projetista respondeu que "Nem Deus afundaria o Titanic".Realmente, talvez tenha sido a vaidade. Segundo os relatos da história, o comando sabia que passaria por zonas de icebergs, e q deveriam mudar a rota, mas ainda assim não o fizeram. Talvez por vaidade. Talvez por quererem testar a teoria não comprovada. História triste; Impressionante. Sinto aflição ao ver o filme e ler notícias sobre.
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